Como é um restaurante que ninguém vê? E o dia a dia de um negócio como a NOW, que reúne diversas dark kitchens num mesmo sítio?
Neste artigo vamos mostrar alguns dos principais aspetos que norteiam as atividades rotineiras dos restaurantes virtuais, e os colocam como uma grande inovação dentro do cenário gastronómico atual.
Começa o dia
O dia inicia-se no prédio da rua São Sebastião da Pedreira, 150. Um olhar atento percorre as cozinhas envidraçadas e as instalações do espaço, passando pela sala de convivência, os vestiários, casas de banho… Uma equipa de limpeza já está em ação, para deixar as áreas comuns devidamente higienizadas para uma nova jornada.
“Cada cozinha é independente e apenas os donos do negócio e os seus funcionários têm acesso a elas, cuidando, inclusive, dos equipamentos e da própria limpeza.” conta Diego Belotte, Gerente Operacional da NOW Kitchens.
Nessa inspeção matinal, ele nota uma lâmpada queimada. Imediatamente contacta o eletricista que atende o espaço para efetuar a troca e verificar qualquer outra avaria. É preciso que ele venha logo, para não atrapalhar o movimento do almoço.
Os funcionários de cada cozinha chegam gradualmente, dirigem-se aos vestiários para colocarem as suas roupas de trabalho e se aprontam rapidamente – eles precisam estar a postos para receber as entregas dos alimentos frescos do dia, além de iniciar o pré-preparo dos pratos que serão servidos mais tarde.
Fornecedores, todos previamente cadastrados internamente por questões relacionadas à segurança do ambiente, começam a chegar à NOW Kitchens. São caixas de verduras, legumes, frutas, carnes, peixes e outros produtos, que rumam a cada uma das cozinhas para abastecer os restaurantes virtuais.
Hora do almoço
O movimento intensifica-se a partir das 12 horas. Começam a chegar os estafetas para retirar as refeições que os consumidores solicitaram a cada restaurante, através das aplicações de entrega.
Como, na maioria das vezes, eles precisam esperar alguns minutos pelos pedidos feitos, a estrutura da NOW Kitchens oferece um espaço com máquina de café, água, wi-fi e ficha para que possam carregar os seus principais instrumentos de trabalho: os telemóveis.
Nesse momento os runners NOW – funcionários focados no atendimento ao balcão da loja – encarregam-se de conferir os pedidos, retirá-los nas respetivas cozinhas e entregá-los aos estafetas que atuam no modelo delivery ou ao cliente final, que fez a sua solicitação em formato takeaway.
Num tablet, conectado às aplicações de entrega, os runners controlam os pedidos que saem e coletam dados importantes para a administração e a orientação dos restaurantes virtuais parceiros, como: horários de pico, tempo de espera, a quantidade das refeições que cada restaurante despachou, entre outros.
Uma das histórias
A Minha Avó, cozinha tradicional portuguesa vegan, foi o primeiro restaurante virtual a instalar-se na NOW. Um dos seus criadores, Pedro Mourarias, conta como foi a conceção da ideia do restaurante.
“Tudo começou quando eu e o Gustavo, meu sócio, mudamos o regime alimentar e tornámo-nos veganos. Nas reuniões de família, para que nada interferisse no espírito de união e partilha, começamos a preparar as receitas tradicionais portuguesas com ingredientes veganos e todos gostaram. Foi daí que se iniciou o projeto.”
Pedro explica ainda que a ideia inicial era montar um restaurante físico, pois não tinham conhecimento do modelo dark kitchen. Mas quando descobriram a NOW, não tiveram dúvidas.
“É muito mais fácil iniciar um negócio numa dark kitchen. Os custos são muito menores e eles têm uma estrutura bastante boa. O funcionamento é excelente e com os estafetas corre tudo super bem. No fundo é muito mais simples, eles fornecem todos os equipamentos necessários, além da rapidez para iniciar o processo de operação do restaurante ser muito maior”.
Com os 2 sócios e mais 4 funcionários, o restaurante A Minha Avó segue em ritmo de crescimento. “O nosso público principal nem é vegano. As pessoas em geral apreciam uma comida mais leve e saudável, e que também seja muito saborosa. Nosso best seller é a Carne de Porco à Portuguesa, que fazemos com o seitan no lugar do porco e todos adoram.” conclui Pedro.
E vem o jantar
O intenso movimento do almoço só arrefece após as 15 horas. É quando os funcionários das cozinhas começam a se revezar para o próprio almoço. Eles dirigem-se à sala de convivência para se alimentarem e conversar com os colegas.
Diego conta que existe um ambiente de ajuda e colaboração entre todos. Ele, inclusive, informa constantemente aos proprietários dos restaurantes os dados que coleta durante a gestão da loja NOW. O objetivo é sempre auxiliá-los em sua organização.
Pelas 17 horas é feita a segunda limpeza do dia nos espaços comuns e mais uma inspeção. Nas cozinhas, os funcionários voltam a se organizar para as diversas etapas do trabalho: desde o preparo dos ingredientes, até as embalagens para o acondicionamento das refeições.
O ciclo inicia-se novamente com o atendimento de todos os pedidos para o jantar. Até que, aproximadamente às 23 horas, cada restaurante encerra as suas atividades, deixando a cozinha limpa e organizada para o dia seguinte.
Um novo funcionário da NOW faz a inspeção final, verifica o sistema de alarme e, à meia-noite, fecha as instalações.
Cansativo não é? Mas bastante gratificante para todos os envolvidos 😊
Agora é hora de descansar pois amanhã um novo dia começa e mais trabalho está à espera. Até lá!
